Deus nunca fará sentido enquanto opção, nem enquanto certeza inabalável. É a aparente contradição de quem permanentemente duvida das suas próprias opções, de quem sente a sua própria fragilidade perante o absoluto que o preenche. Só então a morte poderá ser encarada como realização pessoal, que se identifica com a realização absoluta, e não como obstáculo para o prazer ou solução para o sofrimento.
segunda-feira, 31 de janeiro de 2005
quinta-feira, 27 de janeiro de 2005
Absoluto
É impressionante a insuficiência maniqueísta das palavras. Porque nada há que seja tão objectivo quanto as palavras que uso para as corresponder. Se afirmo, nego tudo o que não esteja contido nessa afirmação. Mas nada é absolutamente.
terça-feira, 25 de janeiro de 2005
domingo, 23 de janeiro de 2005
Olhar
Por vezes, olhar-te é a única coisa que por ti poderei fazer. Essa força vital que te diz que sou maior do que aquilo que sou, e que só assim poderás saber que não estás só.
sábado, 22 de janeiro de 2005
Proximidade
Não fosse pelo título, Closer seria talvez um filme sobre a ambiguidade moral da mentira.
Mas Closer é, justamente, um filme sobre as distâncias nas relações entre pessoas. Distâncias essas que são determinadas pela dialéctica da verdade e da mentira, inexistente quando a proximidade é um facto físico atemporal, quando não existe ainda história a ser narrada.
Closer chega mesmo a questionar a relevância dessa mesma história. Afinal o que é a proximidade? O conhecimento, ou o sentimento?
"Perto demais", porque "the closer you get, the farther your feelings".
quarta-feira, 19 de janeiro de 2005
Húmus
“(…) há mentiras que têm raízes mais fundas que a verdade.”1 E é por o terem que deve a espontaneidade ser questionada. Será a minha verdade aquilo que não chego a racionalizar, ou aquilo em que acredito? E como saber daquilo em que acredito sem o ser através de uma reflexão? O que está no fundo dos actos não racionalizados é a condição humana: a busca da felicidade imediata, a conveniência, o egoísmo, a hipocrisia, a cegueira crónica, o escape a qualquer forma de dor, a irresponsabilidade perante si e os outros, perante a vida e o mundo. Porque a verdade é insuportável.
1Raul Brandão, Húmus
terça-feira, 18 de janeiro de 2005
sexta-feira, 14 de janeiro de 2005
Ânsia
Por vezes… sinto uma necessidade absoluta de escrever, nem que seja apenas sobre a necessidade absoluta de escrever. Porque há ainda aquilo a que não tenho acesso, razões que desconheço, tal como… porque me sinto assim? Uma pressão no preciso centro vectorial, uma respiração inacabada, um coração a saltar do peito, memórias do que já não há… a constatação de que já não há.
quarta-feira, 12 de janeiro de 2005
Reflexão
Perdido no labirinto da reflexão interior, o mundo não é já o que se me apresenta, mas aquilo que me apresento.
terça-feira, 11 de janeiro de 2005
Legitimidade
As estruturas do pensamento constituem um sistema. Mas a existência de um sistema não pressupõe a sua intrínseca coerência. Por sua vez, a inexistência de coerência não indica uma inadequação à verdade. Porque a verdade é aquilo que vejo, aquilo que sinto, aquilo que penso. Ainda que essa verdade não corresponda a nada, ela está legitimada, porque, para mim, só eu necessito de a legitimar.
sexta-feira, 7 de janeiro de 2005
Significação
Quando se coloca a questão sobre o sentido da vida, pretende-se antes questionar o significado da vida. Porque assumir que a vida tem um sentido é assumir que existe uma dinâmica no significado da vida. E não será mesmo esta a verdade?
quinta-feira, 6 de janeiro de 2005
Invencibilidade
Quanto mais alimentas a invencibilidade que pressupões ter, mais fraco te tornas, sem o notares, até ao dia em que não consegues sair da cama.
domingo, 2 de janeiro de 2005
Saber
Os anos que em nós passam conferem-nos uma maior sabedoria, mas também uma menor sensibilidade. Aquilo que é hoje para ti uma experiência intensa, não mais a sentirás senão enquanto memória do momento em que a sentiste.
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