domingo, 27 de fevereiro de 2005

Ser

Relembro todo o meu dia contigo. Analiso todos os meus gestos, todas as minhas palavras. Odeio todo o produto da minha involuntariedade, toda a minha inexpressividade. Não me identifico com aquilo que sou.

sábado, 26 de fevereiro de 2005

Corpo

O corpo. Não o sinto. É-me estranho. Não me obedece. Impossibilita-me o gesto perfeito. Invejo-te. Tu és o teu corpo. Quero-te. Entender.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2005

Identidade

Se te constróis naquilo que te pretendes, onde é que te encontras?

sábado, 19 de fevereiro de 2005

Simplicidade

Tenho saudades tuas. Mas receio estar contigo. Receio que, estando contigo, não mais consiga não estar contigo. Mas quando estou contigo, tudo está certo. Porque estou contigo.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2005

Independência

Há que ser alheio, indiferente, a quem nos rodeia, para que consigamos ser independentes. Porque gostar de alguém é já criar uma dependência. Tolhe-nos os movimentos, por receio das consequências. Não há outra forma de gostar de alguém. E é também por isso que mentimos e ocultamos. É uma forma de preservarmos os outros dos nossos próprios actos. E também uma forma de conseguirmos alguma independência. Esses são os nossos instrumentos quando não possuímos um espaço só nosso. Depois entra a distância, que é já o primeiro passo para nos esquecermos dos outros, ou de só nos lembrarmos de quem nos queremos lembrar, quando nos queremos lembrar. Quanto maior a distância entre mim e o outro, maior a minha independência. A única pessoa verdadeiramente independente será, por força solitária. Porque nas relações que mantemos a distância pode ser ainda a de quem as não mantém.

domingo, 13 de fevereiro de 2005

Crítica

Toda a crítica se baseia em dogmas. Pois como questionar os instrumentos com os quais questionamos?

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2005

Agir

Agir não é manifestar uma ideia, porque todas as ideias são já manifestações do sujeito. Assim, a tendência para a abstracção das ideias não tem de impedir o pragmatismo da acção, porque uma ideia é já uma acção. Pensar também é realizar.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2005

Mistério

De onde vens? Que vontade é essa que te anima? Serás o produto de alguém, aquele que age conforme os que te trouxeram ao mundo? Ou serás o produto de ti próprio, o acidente que te fez nascer livre? Mistério de vida irresoluto, fonte do meu mais perene comprazimento.

sábado, 5 de fevereiro de 2005

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2005

Intencional

O inintencional é a expressão do que se não pretende consciente.