A razão última do meu ódio é que te amo. E amo-te tão desmesuradamente que te não aceito, que te não tolero. Porque os teus gestos, as tuas palavras, as tuas acções contêm todo o significado. Mas eu não encontro sentido nesse significado. Provocas-me a falência do mundo.
segunda-feira, 30 de maio de 2005
sexta-feira, 27 de maio de 2005
Epopeia
Ah, a fé que me sonha maior do que sou! E saber que os sonhos se não sonham ou se vivem, senão trivialmente, sem sabermos que os vivemos.
sexta-feira, 20 de maio de 2005
quarta-feira, 18 de maio de 2005
Ode
O egocentrismo não tem de implicar necessariamente o narcisismo. Porque eu posso odiar-me e pretender-me o centro de todos os ódios. O que o egocentrismo obriga é a uma presunção, manifestação e imposição orgulhosa do ego. E não há contradição nisto. O orgulho que se exibe é relativo ao sem número de virtudes e defeitos que nos tornam únicos. Como o orgulho centra-se na individualidade, perpetuam-se e gritam-se desalmadamente as virtudes e os defeitos, para que não sobre ninguém que a não reconheça.
sábado, 14 de maio de 2005
sexta-feira, 13 de maio de 2005
Arte
Se o homem está condenado a dar resposta aos seus enigmas, pela sua incapacidade de se sustentar no nada, como pode a arte ser tomada como absoluta? Pois o que define a arte é o seu mistério, é a sua capacidade de nos provocar vertigens.
terça-feira, 10 de maio de 2005
Solitude
Estamos irremediavelmente sós no mundo. Talvez só quando aceitarmos essa nossa condição deixaremos de pretender e presumir dos outros o que quer que seja.
quinta-feira, 5 de maio de 2005
Aspirância
Quando me lembro de que sinto a tua falta, observo pela janela quem passa, e entretenho-me a acreditar que és tu.
quarta-feira, 4 de maio de 2005
Relativo
O relativismo tem conhecido uma crescente aceitação, porque permite uma atitude cómoda perante a vida, com a qual se não estabelecem compromissos. Sob uma máscara de tolerância perante todo e qualquer acto, a relativização é a expressão maior de um egoísmo, porque, no limite, pretende justificar as próprias escolhas.
terça-feira, 3 de maio de 2005
Epicuro
Nada existe na natureza que não seja quotidiano. Pois caso contrário, quem seria o seu autor?
segunda-feira, 2 de maio de 2005
Dinâmica
Que compromisso estabelece o escritor com aquilo que escreve? Porque aquilo que está escrito não é já aquilo que foi escrito. Pode ambicionar-se a objectividade nas palavras, mas não que essa objectividade seja estática. Mas se a escrita não é um meio através do qual se pode obter a imortalidade, para quê escrever? (Talvez para ser agente dessa dinâmica)
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