terça-feira, 24 de janeiro de 2006

Escondido

Em cinema, ou na televisão, os meios de produção encontram-se escondidos do público, mas esses mesmos meios de produção integram o actor enquanto tal. Por outras palavras, o actor sabe que se encontra a representar porque se encontra inserido numa lógica de encenação. Encenação esta que assume uma pretensão de realidade para o público. Mas o que aconteceria se o actor ignorasse os meios de produção? O que aconteceria se um actor falhasse no reconhecimento do seu próprio acto de representação? A encenação de que o actor faria parte assumiria, então, uma pretensão de realidade para o próprio actor. Caché (Escondido, Oculto, Dissimulado) desconcerta sobretudo, porque nos obriga a uma identificação com os personagens, simultaneamente dissimuladores e autênticos. Poderemos afirmar com Georges que não temos “nada a esconder”?