terça-feira, 2 de novembro de 2004

Imortalidade

Se há questão que deverá sempre ser levantada, é a questão sobre a vida. Só esta nos poderá fazer tender para aquilo que somos, os nossos sonhos, amores, dores e ânsias. A questão sobre a morte não tem sentido, porque a própria morte não tem sentido. Não podemos pensar a ausência de nós mesmos, porque ao pensarmos-la estamos já a ser alguma coisa1. Mas e a morte em vida? Sermos sem sonhos, sem amores, sem dores e ânsias2? E a vida na morte, que é aquela pela qual actuamos, de modo a que não sejamos esquecidos, de modo a que continuemos presentes, mesmo depois de já não sermos3?

1João César das Neves, Rascunho da Vida (dn 1 de Novembro de 2004)
2Vergílio Ferreira, Posfácio à obra Apelo da Noite
3Milan Kundera, A Imortalidade